Carregamento de toneladas de urânio aguarda há cinco dias um posicionamento oficial para finalmente encontrar um destino seguro, em um claro descaso das autoridades com a segurança da população.
População de Guanambi aguarda apreensiva uma definição sobre o carregamento de urânio. Policiamento é alto na região e o clima é de tensão. Greenpeace / Lunaé Parracho
A população de ambas as cidades rejeita o material, que viajou por cerca de 1500 km de São Paulo sem que sequer uma autorização de transporte oficial tenha sido apresentada.
Representantes de segundo escalão da CNEN, órgão regulador do setor nuclear ligado ao MCT, e da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), empresa responsável pela mineração de urânio na cidade de Caetité, estiveram ontem no local. Realizaram medição de radiação, mostraram-se tranquilos quanto ao resultado e fizeram até piada com o assunto.
A mesma medição foi realizada por Gilmar Rocha, liderança da Comissão Pastoral da Terra que há um ano monitora os níveis próximos às minas de urânio. Segundo Rocha, os níveis que mediu próximo ao caminhão estão muito acima do que o já visto próximo à mina de Caetité. Graças às denúncias, padre Osvaldino, importante líder local nas questões relacionadas à mineração, recebeu ameaças de morte.
Assista ao vídeo:
A população de ambas as cidades está nas ruas. Em Guanambi, a concentração aconteceu pela manhã em frente ao batalhão onde aguarda o comboio. Os moradores foram recebidos por reforço policial: grupamento de operação especial, a temida polícia da Caatinga e a polícia rodoviária federal. Em Caetité, o pedido das ruas é o mesmo, a volta dos caminhões carregados de urânio do local de onde vieram. A contar pelo forte policiamento, as próximas horas prometem alta tensão.
O ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, nada disse sobre esta bagunça generalizada. O Greenpeace e a população das duas cidades afetadas pelo descaso do programa nuclear brasileiro pedem este pronunciamento oficial, com respostas às dúvidas que pairam e uma resolução final para o impasse.
“É preciso que haja um entendimento claro sobre, afinal de contas, que carregamento de urânio é este, que há não se sabe quanto tempo esteve em uma área da Marinha em São Paulo, por que veio para Caetité agora, onde estão todos os documentos necessários para este transporte perigoso. Em meio a tantas dúvidas, pedimos que a carga retorne ao seu local de origem e passe por uma inspeção mais apurada lá”, diz Pedro Torres, da Campanha de Clima e Energia
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